Fui descobrir este
texto que escrevi no já distante ano de 1985, tinha eu a provecta idade de 15
anos. Espero que gostem.
“Chego à praia.
Sento-me à
beira-mar.
É tarde, o sol está
a pôr-se.
Sinto as ondas a
banharem-me os pés. Enterro-os na areia.
O mar está calmo,
silencioso… Só murmura qualquer coisa…
Qualquer coisa que
mais parece uma canção de embalar…
Mas uma canção de
embalar… Para quem?...
Ouço com mais
atenção e sorri-o. Claro! Como não pensei nisso antes?...
É uma canção de
embalar para o Sol!...
Para o Sol…
Está cansado… Vai
deitar-se…
O seu poiso?....
O mar!... O mar,
que lhe canta uma canção de embalar…
Até as gaivotas,
aves ruidosas, estão silenciosas…
Pelo Sol…
Pelo Sol, que está
cansado…
Pelo Sol, que se
está a pôr…
Ali fico, sentada,
a sorrir, a observar aquela prova de amor e carinho…
Fico silenciosa,
enfeitiçada por toda aquela magia que rodeia o descanso do Sol…
Lentamente, vai-se
afundando no seu poiso…
Lenta, muito
lentamente…
- Mana!
Assusto-me!
Quebra-se o encanto…
Olho para trás,
para ver quem grita.
É o meu irmão, que
me chama.
Olho para o Sol e
para o mar, mas já nada tem a mesma beleza…
Levanto-me e vou…
Olho uma última vez
para o pôr-do-sol e sorri-o.
Já não se vê o Sol.
Apenas uns reflexos alaranjados na sua moradia…
Viro-me e
lentamente, vou…”
Fátima
d’Oliveira (1985)
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