E
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ra óbvio!
De tal maneira era
óbvio, que Guiomar se admirava por ainda mais ninguém o ter notado. E se o
tinham notado, ainda ninguém o tinha dito.
Mas era tão óbvio…
Saltava à vista!
Que Vasco estava
perdido de amores por Rita, não era segredo: todos o sabiam e sabiam-no bem.
Agora, que Camila,
uma das melhores amigas de Rita, também estivesse interessada em Vasco, parecia
que só ela, Guiomar, conseguia ver.
Guiomar até chegou
a falar disso a Sílvia, uma amiga comum.
Ouve
lá, é impressão minha ou a Camila gosta do Vasco?
O
quê?!... Mas tu estás doida?... A Camila gostar do Vasco?... Nem pensar!... Mas
também, onde é que raio fostes buscar essa ideia?
A
lado nenhum. Devo estar enganada.
E a coisa ficou por
ali.
Guiomar não falou
mais no assunto.
Não falou, é
verdade que não falou, mas pensou.
Também é verdade
que não o queria, mas tinha mesmo que o fazer.
A isso se via
obrigada.
É que era tão
óbvio…
Guiomar
questionava-se de como era possível mais ninguém se aperceber, mais ninguém
ver.
É que saltava mesmo
à vista.
Mas parecia que
mais ninguém via, ou melhor, queria ver.
E Guiomar bem via a
dor, com alguma culpa à mistura, espelhada no olhar de Camila, sempre que Vasco
se aproximava de Rita.
Sim, culpa.
Porque Guiomar adivinhava
que Camila, para além de gostar de Vasco, também se sentia muito culpada por
isso mesmo: afinal, Rita era a sua melhor amiga.
Quer dizer, Camila
realmente sentia culpa, mas não era uma culpa, por assim dizer, culpada.
Não era
intencional.
Camila não queria
gostar de Vasco… mas gostava.
E mais ninguém sabia.
Nem nunca poderiam.
Porque Camila não
sabia o que ia acontecer, mas de uma coisa tinha a certeza: Vasco gostava de
Rita.
E isso era tudo o
que interessava.
Nota:
Qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade.
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