Chamem-me
Aristides, já que é esse o nome por que sou conhecido. Pelo menos, nos círculos
onde me movo.
Sou
profissional, mas não tenho nada que o prove, nenhum documento.
Ainda
pensei em sindicalizar-me, mas não há sindicatos para a minha profissão.
O
que eu faço, o trabalho a que me dedico, profissionalmente falando é claro, é
aquilo a que eu gosto de chamar uma profissão clandestina: esforçam-se por
fazer de conta que não sabem dela, mas todos sabem que existe.
Até
há bastante trabalho – mais do que possam imaginar –, mas o mais difícil é,
adivinharam, encontrá-lo e assegurá-lo…
Não
é como se eu pudesse ir a um Centro de Emprego inscrever-me, ou pôr um anúncio
no jornal… Não é assim que funciona.
Quer-se
dizer, ser, até é – pelo menos, no que toca a jornais.
Realmente,
a coisa funciona com um anúncio de jornal a publicitar os meus serviços.
Só
que isso nunca é feito directamente, às claras; é antes por código, às
escondidas. Mas quem realmente me quer achar, sabem onde me descobrir. Se forem
ver nos anúncios classificados, de certeza que me vão me vão encontrar. Têm é
que saber o que e onde procurar.
Se
bem que, nos dias de hoje, com a ascensão das redes sociais e o poder da Internet,
os anúncios classificados já estão a ficar um tanto ou quanto obsoletos; mas
não completamente fora de moda, pois ainda são muitas as pessoas que não têm
computador – seja por opção, seja por necessidade; ou mesmo tendo computador,
optam por não fazer uso das redes sociais.
Para
cobrir todas as bases, por assim dizer, estou em todo lado: faço questão de
manter um anúncio classificado nos principais jornais e revistas (o que não me
sai nada barato, mas é como já lá diz o provérbio: cada um colhe o que semeia)
e também estou presente nas redes sociais.
Mas
nunca dou a cara. Quero com isto dizer que não há fotografias minhas. Sim,
porque isto de manter o anonimato é de vital importância para a minha linha de
negócio. Então, por norma uso fotografias de gatinhos. Ou cachorrinhos. Algo
querido, fofo, inocente e inofensivo.
E lá
por nunca dar um ar da minha graça, isso não quer dizer que eu não promova os
meus serviços. Porque eu faço-o – discretamente, mas faço-o.
Porém,
verdade seja dita, a qualidade do meu trabalho fala por si só.
Mas
quem realmente me quer encontrar para encomendar os meus serviços, sabe muito
bem onde me procurar.
Só têm
que o fazer. Eu agradeço.
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